Um grupo de hackers invadiram os sites governamentais e administrativos da Junta Militar em protesto pelo aumento das detenções e ao bloqueio nocturno da internet.
Autodenominam-se como "Hackers de Mianmar", e implementaram vários ataques contra páginas do governo, incluindo a do Banco Central, o site de propaganda do Exército birmanês, o endereço do canal público MRTV, da autoridade portuária e o site da agência de segurança alimentar e de saúde.
"Lutamos por justiça em Mianmar, é como uma grande manifestação diante dos sites do governo"", afirmou o grupo de hackers em sua página do Facebook.
Ontem a junta militar impôs uma espécie de toque de recolher na Internet que reduziu o tráfego a 21% do nível habitual, segundo o observatório NetBlocks (grupo que registra as restrições na rede).
A ação virtual aconteceu depois das manifestações de dezenas de milhares de pessoas no país para protestar contra o golpe de Estado que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi em 1º de fevereiro.
Hoje em Yangon, os motoristas bloquearam o tráfego pelo segundo dia consecutivo, para impedir o avanço das forças de segurança. Carros e ônibus ficaram parados ao redor de uma ponte do distrito de Dagon Norte, e os manifestantes pediam para que as pessoas não dirigissem ao trabalho e se unissem ao movimento de desobediência civil.
Em Mandalay a polícia e o exército dispersaram os manifestantes que bloqueavam o tráfego ferroviário. Uma fonte dos serviços de emergência afirmou que as forças de segurança abriram fogo, mas não tinham condições de saber se eram balas de borracha, ou munição letal.
Quatro condutores de trem foram detidos na cidade e onze funcionários do Ministério das Relações Exteriores foram detidos segundo a Associação de Ajuda aos Presos Políticos (AAPP). O grupo também denunciou mais de 500 detenções desde o golpe militar no primeiro dia do mês.
O canal de televisão estatal MRTV também anunciou ordens de detenção contra vários atores, cineastas e um cantor, que foram acusados de usar sua popularidade a serviço do movimento.
Apesar do medo, os apelos continuam: médicos, professores, controladores aéreos e trabalhadores do sistema ferroviário estão em greve contra o golpe.
Em Naypyidaw a ex-chefe do governo civil Aung San Suu Kyi, de 75 anos, está em prisão domiciliar. Aung Suu Kyi, foi processada por infringir uma norma comercial ao importar "ilegalmente" walkie-talkies, e tem uma nova acusação por violar "a lei sobre a gestão de desastres naturais”. A audiência está prevista para 1º de março.
Os generais ignoram as críticas internacionais e as sanções anunciadas por Washington. Eles têm dois apoios importantes na ONU: China e Rússia, países que consideram a crise atual "um assunto interno" do país.
DES | Diário de Negócios-c\CorreiodoPovo| Cidade da Praia – Palmarejo Grande | 2021.
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