O Fundo Monetário Internacional (FMI), projeta que a média dos défices a nível global atinja 9,2% do Produto Interno Bruto (PIB), ainda este ano.
O FMI defende que a política orçamental deve manter flexível e deve apoiar os sistemas de saúde, famílias, empresas viáveis e a recuperação económica. E diz que o direcionamento das medidas de auxílio deve ser melhorado e “adaptado à capacidades dos países”.
“Quanto mais durar a pandemia, maior é o desafio para as finanças públicas”, segundo o FMI. A instituição presidida por Kristalina Georgieva, mostra-se preocupada, contudo, defende a manutenção de medidas de ajuda orçamentais direcionadas enquanto for necessário, projetando que a média dos défices mundiais diminui para 9,2% do PIB este ano, depois de ter chegado a 10,8% do PIB em 2020.
No “Fiscal Monitor”, que foi publicado hoje, o Fundo Monetário Internacional faz uma análise do papel das políticas orçamentais na resposta à pandemia, com base na atualização das projeções.
O departamento liderado por Vítor Gaspar frisa que muitos governos com economias avançadas estão a implementar medidas de despesa e receitas em 2021, de em média 6% do PIB.
“O apoio orçamental evitou contrações económicas mais severas e maiores perdas de empregos. Enquanto isso, esse apoio, juntamente com a queda nas receitas, subiu os défices e a dívida pública a níveis sem precedentes em todos os grupos de rendimento do país”, avança, sublinhando que os défices médios chegaram a 11,7% do PIB em 2020 para as economias avançadas, 9,8% para as economias de mercado emergentes e 5,5% para países que estão em desenvolvimento de baixo rendimento.
Refere, ainda, que, “prevê-se que os défices orçamentais em 2021 diminuam na maioria dos países, à medida que medidas de apoio à economia desaparecem ou diminui, as receitas recuperam ligeiramente e o número de pedidos de desemprego diminui”.
Dívida Pública quase nos 100%
No que concerne ao peso da dívida pública mundial, estima-se que tenha aumentado para 97% do PIB em 2020 e projeta que chegue a 99% este ano. “Apesar do endividamento mais elevado, os pagamentos médios de juros são geralmente mais baixos nas economias avançadas e em muitos mercados emergentes, devido à tendência de queda nas taxas de juros”, realça.
Todavia, há riscos e a incerteza quanto às perspetivas orçamentais é “excepcionalmente alta”. Por um lado, se o processo de vacinação for mais rápido do que o esperado pode acelerar o fim da pandemia, aumentando a arrecadação de receitas e diminuindo a necessidade de ajuda adicional. Por outro lado, uma desaceleração económica mais prolongada, um aperto abrupto nas condições de financiamento, um acréscimo de falências de empresas, volatilidade nos preços das commodities ou um acréscimo do descontentamento por parte das pessoas podem dificultar a recuperação.
Defende assim, que o direcionamento das medidas de ajuda “deve ser melhorado e adaptado à capacidades dos países”, para que o auxílio orçamental possa permanecer durante a crise, no âmbito de uma recuperação que se espera “incerta e desigual”.
Vítor Gaspar diz ainda, que, “para ajudar a responder às necessidades de financiamento relacionadas com a pandemia, os decisores de política orçamental podem considerar uma contribuição de recuperação temporária COVID-19, cobrada sobre altos rendimentos ou riqueza”.
ACG/Diário de Negócios-c\Jornal Económico | Cabo Verde - Palmarejo Grande | 2021