Já se passou um ano que a COVID-19 está a afetar a vida dos portugueses e toda a sua atividade económica, com grande impacto, também, no comércio internacional.
O Instituto Nacional de Estatística (INE), analisou durante um ano a crise sanitária, ao qual os primeiros sinais apareceram logo no mês de março do ano passado. “No mês de fevereiro de 2021 completou-se um ano em que a economia portuguesa foi fortemente afetada pela pandemia da COVID-19. Em comparação com os 12 meses anteriores, observou-se uma redução nominal de 11,1% nas exportações”, salienta o gabinete da estatística.
Na análise que foi feita pelo Dinheiro Vivo, constata-se que as empresas portuguesas venderam menos 6,7 mil milhões de euros de produtos ao exterior.
Em fevereiro do ano passado, segundo consta na análise do INE, as exportações ainda estavam a aumentar 0,5% em termos homólogos e as importações cresciam 3,7%. Neste período, a Europa começou a registrar os primeiros infectados pela doença causada pelo vírus SARS-CoV-2. Logo, em março, as vendas ao exterior caíram 13% e as importações 11%.
Mas o pior veio em abril e maio, quando o mundo parou praticamente, e, teve os piores registos de um ano de pandemia. “Os dois meses seguintes (abril e maio) apresentaram os maiores decréscimos relativos desde o início da pandemia, com as exportações a diminuírem 41, 3% em abril e 38,8% em maio”, sublinha o INE.
“A partir de junho de 2020 começou a verificar-se alguma reanimação da atividade devido ao alívio das medidas de confinamento, que se refletiu com maior expressão nas exportações de bens”, realça o gabinete de estatística.
Entretanto, a nova vaga da COVID-19 interrompeu de novo o balanço, ao qual, em janeiro deste ano, identificou-se novamente uma diminuição mais acentuada decorrente do novo confinamento, com uma descida de 9,8% nas exportações.
No que se refere aos parceiros, as exportações foram acompanhando as etapas do confinamento e desconfinamento no mundo inteiro, principalmente, na União Europeia (UE). “No início da pandemia observou-se um decréscimo mais acentudo nas exportações para os parceiros Intra-UE, acompanhando a adoção de medidas de confinamento na Europa”, avança o INE, com maiores quebras nos três principais destinos: Espanha, França e Alemanha. No entanto, “entre junho e outubro de 2020 registaram-se taxas de variação homólogas mensais superiores nas exportações para os principais parceiros, atingindo-se um pico nas exportações para França em agosto (+19,1%), em resultado de um aumento generalizado a todas as grandes categorias económicas”, frisa a mesma fonte.
Em relação aos produtos, o calçado e o material têxtil tiveram quebras mais significativas, com perdas de 19,8% e 12,4%, respetivamente.
Importações no Vermelho
Verificamos que houve recuperação em alguns momentos nas exportações neste último ano, mas, já as importações, até fevereiro foi sempre em vermelho.
"Nas importações de bens, desde que começou a pandemia, têm-se sempre registado taxas de variação homóloga mensais negativas", refere o Instituto Nacional de Estatística. Neste ano de crise sanitária, as compras ao exterior diminuíram mais do dobro das vendas, atingindo os 17,5%, ou seja, 14 mil milhões de euros.
E em termos de parceiros, as trocas não foram tão equilibradas e não tiveram o mesmo comportamento. "Nas importações provenientes de França verificaram-se decréscimos mais acentuados do que no conjunto dos outros países em todos os meses da pandemia exceto em janeiro de 2021, sobretudo devido aos decréscimos de outro material de transporte (maioritariamente aviões) proveniente deste parceiro", indica o INE.