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ENTREVISTA
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Por: Silvino L. Évora | Foto: Cortesia Rosiany Fonseca
Diário de Negócios / ISE Digital Media | Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Rosiany Fonseca é de Santo Antão. Saiu de lá para estudar no curso de Licenciatura em Matemática na Cidade da Praia. Chegou à Cidade da Praia, viu e gostou. Passou a amar a capital do país e toda a ilha de Santiago. Para ela, a Cidade da Praia é o melhor lugar para se viver e para se estudar em Cabo Verde. Pela capital, quis continuar depois de acabar o curso. Porém, o destino não estava a seu favor. Candidatou-se para ser professora de matemática no âmbito dos concursos de recrutamento de docentes do Ministério da Educação e a sorte ditou-lhe um regresso ao berço: voltou para Santo Antão sem pestanejar. Com as dificuldades que o mercado de emprego aporta, Rosiany Fonseca não teve muitas escolhas. Teve que ir abraçar a ilha, de onde saiu aluna e regressou professora.
De longe, Rosiany Fonseca revive, através da nossa reportagem, a memória da sua vivência na capital do país, considerando ter sido uma das melhores fases da sua vida. A jovem mulher diz que as outras mulheres não devem ter medo da matemática. E vai mais longe: chega mesmo a dizer que é o melhor caminho para as mulheres. Ainda assim, não acha que o seu ensino seja fácil. Vai dizendo que o ensino da matemática incorpora os seus desafios.
Rosiany Fonseca não é propriamente uma mulher de muito ‘paleio’. Ela é muito cerebral. É mais números. É mais cálculos. Ainda assim, carrega uma dose bastante da sensibilidade feminina. E permite-nos, por entre parcas palavras, desfraldar-lhe a alma.
O que significa, para ti, haver um dia da Mulher?
Para mim, o dia da mulher é importante. Contudo, o dia da mulher é todos os dias. Esta data é uma oportunidade de chamar a atenção para a necessidade de acelerar os movimentos em direção à igualdade.
Achas que é necessário um dia para celebrar as mulheres do mundo inteiro?
Acho que é necessário sim para poder reconhecer as conquistas sociais, culturais e políticas das mulheres.
Como vês o papel da mulher no desenvolvimento das sociedades?
A mulher tem um papel muito importante na sociedade e faz-se cada vez mais de forma intensiva. No entanto, há ainda muitos avanços a serem conquistados.
Como é ser jovem, mulher e professora ao mesmo tempo?
Ser jovem, mulher e professora ao mesmo tempo está a ser algo construtivo. Ser professora, para mim, vai além de transferência de conhecimento. Leva-me a transformar cada novo desafio em oportunidades, aprendizado e crescimento.
Como tem sido a tua experiência como professora?
A minha experiência como professora está a ser uma experiência muito desafiadora e interessante, tendo em conta os tempos de hoje. Lecionar matemática não é uma rotina fácil, sendo que muitos alunos consideram a disciplina matemática ‘difícil’. Por isso, é necessário dar sentido às noções ensinadas.
O que te levou a seguir a área de Matemática?
O que me levou a seguir a Matemática foi a paixão pela Matemática. Fazer matemática é para aqueles que amam a matemática. Antigamente, as mulheres pareciam ter mais medo das matemáticas.
Achas que, atualmente, esta situação está a melhorar?
Está a melhorar e muito. Hoje em dia, temos muitas mulheres a seguir por esse caminho.
Vieste de Santo Antão estudar na Praia e, terminando o curso, foste trabalhar para Santo Antão. Foi uma coisa que aconteceu por acaso ou respondeste a um ‘chamado’ da tua ilha?
Foi algo que aconteceu por acaso. Foi uma oportunidade de trabalho [que me levou a regressar]. Não é por nada, mas, tenho uma preferência pela Cidade da Praia. Se fosse por mim, ficaria aí.
Como foi a experiência de vir estudar na Cidade da Praia?
Foi uma das melhores experiências que vivi. De longe, Cidade da Praia é o melhor lugar para estudar e viver em Cabo Verde.
Para além de uma Licenciatura, o que mais levaste da ilha de Santiago?
Talvez esta seja uma pergunta difícil de responder. Santiago marcou a minha vida. [Foram] muitas experiências inesquecíveis.
O que recomenda às mulheres que têm receio de entrarem para as áreas STEM – Ciência, Tecnologias, Matemáticas e Engenharias?
Recomendo-as a não ter receio, porque este é o melhor caminho a seguir.
Acha que as mulheres irão dar um contributo relevante para o desenvolvimento dessas áreas em Cabo Verde?
Sem dúvida. Mulher pode tudo.
Como mulher, qual é o teu grande sonho?
O meu sonho ainda é uma incógnita.